terça-feira, 31 de março de 2015

Queridos alunos do 9º Ano, vejam as orientações para criarem o cordel com o paradidático. Arrasem!!!
O CORDEL PASSO A PASSO   Por Arievaldo Viana
Em nosso livro Acorda Cordel na Sala de Aula, o repentista e poeta de bancada cearense Zé Maria de Fortaleza explica detalhadamente as principais técnicas do cordel: RIMA, MÉTRICA E ORAÇÃO. Esses serão os critérios de avaliação dos cordéis produzidos em nosso trabalho.
Rima é a correspondência dos sons finais em palavras diferentes. Ajuda a manter a sonoridade em construções poéticas.
Ex.: Brasil / mil; flor / amor...
Métrica é a medida das sílabas de cada verso, em determinado gênero de estrofe.
Obs.: a sílaba poética é contada até a última sílaba tônica do verso.
Ex.: no verso de 7 sílabas “A-se-le-ção-bra-si-lei (ra).”
                                        1   2  3   4    5   6  7
Oração é a coerência, encadeamento, coordenação, precisão, objetividade e fidelidade ao tema. É a capacidade de não se perder ao contar uma história ou falar sobre um assunto.
Ex.: “Eu gosto muito da vida / A vida me dá prazer / E quem não gosta da vida / Não adianta viver.”

A literatura de Cordel possui muitas formas de construção poética. Isso é, os versos podem ser construídos de várias formas. A principal é a sextilha, que vamos explicar logo abaixo.

A diferença entre Verso e Estrofe
  • Verso é cada uma das linhas de um poema. É a unidade rítmica da composição poética. Na literatura de cordel é comum usar dois tipos de verso:
REDONDILHA MENOR (pentassílabo) é o verso de 5 sílabas poéticas.
Ex: “Virgem dos Remédios...”
REDONDILHA MAIOR (heptassílabo) é o verso de 7 sílabas.
Ex.: “Minha terra tem palmeiras...”
  • Estrofe é um grupo de versos de um trabalho poético, em geral com sentido completo.
Glosa ou Décima é uma dissertação poética que obedece à versificação de um assunto. É composta de 10 versos em heptassílabos ou decassílabos, com rimas alternadas ou opostas, que decorrem restritamente dentro do assunto a que se refere o mote sugerido.

Um estudo da Sextilha, principal modalidade do Cordel
Sextilha é uma estrofe de 6 versos, geralmente dispostos da seguinte maneira em nosso cordel tradicional: são rimados entre si os versos pares. Ou seja, sempre rimamos o segundo com o quarto e com o sexto, enquanto que o primeiro, o terceiro e o quinto são livres, podendo ou não ser rimados.

Para ver como funciona a sextilha, nós vamos atribuir uma letra diferente para cada verso que acabar de uma forma. Os versos que rimam (que acabam da mesma forma) recebem letras iguais. Assim, conseguimos mapear a estrutura de rimas de um texto poético. Na sextilha, existem duas formas de organização:
XA/XA/XA: Além dos versos pares (2, 4 e 6) rimarem entre si, os versos ímpares (1, 3 e 5) também rimam entre si, como no exemplo abaixo:
X – Os nossos antepassados
A – Eram muito prevenidos
X – diziam: — Mato tem olhos
A – E paredes têm ouvidos
X – Os crimes são descobertos
A – Por mais que sejam escondidos.
AB/CB/DB: Somente os versos pares (2, 4 e 6) rimam. Vejamos o exemplo abaixo, que explica, em forma de cordel, o que é uma sextilha. Atenção para a forma como as rimas são feitas!
(A) A Sextilha é uma estrofe
(B) Que mostra, no seu contexto,
(C) Seis versos de sete sílabas
(B) E apresenta o seu texto
(D) Rimando o segundo verso
(B) Com o quarto e com o sexto.
Na construção da Sextilha
Os versos ímpares, que são:
Primeiro, terceiro e quinto,
Desses, a sua função
É dar seqüência ao assunto
Também chamado Oração.
E a contagem silábica
Não poderia faltar:
É dela que vem a métrica,
Tem que saber separar;
Sem a cadência das sílabas
Não dá pra metrificar.
Tem mais: a sílaba poética
Vem de modo especial:
No verso, ela se difere
Da sílaba gramatical,
Pois a última sílaba tônica
É, do seu verso, o final.
As regras dos versos
Já vimos que a estrofe é um conjunto de versos também chamada estância. Já sílaba é a célula da palavra. Gramaticalmente, é um som ou grupo de sons pronunciados de uma só vez. A sílaba poética difere da sílaba gramatical: na frase “O cantador é uma ave”, existem 9 sílabas gramaticais e apenas 7 poéticas.
Divisão gramatical:                            Divisão poética:
“O-can-ta-dor-é-u-ma-a-ve”                “O-can-ta-dor-é-u-maa-ve”
  1   2  3   4   5 6  7   8   9                   1   2   3   4  5 6   7
A sétima sílaba da contagem poética é formada pelas sílabas 7 e 8 da divisão gramatical. No verso, a contagem das sílabas tem características singulares. Três regras práticas são recomendadas:
1.a) A sílaba final átona terminada em vogal e a inicial da palavra seguinte, começada também em vogal, formam uma só sílaba.
Ex.: “Querida infância” divide-se “Que-ri-dain-fân-cia”; “Minha amiga” divide-se “Mi-nhaa-mi-ga”.
2.a) Se a vogal da sílaba final é tônica, não ocorre a elisão.
Ex.: “Má ocasião” divide-se “Má-o-ca-si-ão”.
3.a) Na última palavra de cada verso não se contam as sílabas seguintes à tônica.
Ex.: “árvore” divide-se “ár-vo-re”. Conta-se apenas até a primeira sílaba (ar), desprezando-se as demais.

Obs.: O tamanho do livrinho geralmente tem 11cm x 15cm. Mas você pode confeccioná-lo dobrando ao meio a folha A4.
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