sexta-feira, 24 de junho de 2011

 CAPÍTULO 72 DAS REGRAS DE SÃO BENTO trata "do zelo bom que os monges devem ter". Inicia-o dizendo: "Assim como há um zelo mau, que é um zelo de amargura, que separa de Deus e conduz ao inferno, existe um zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus e à vida eterna".
Sabemos que é uma regra religiosa, mas que serve também para o nosso convívio. O mundo sempre foi perturbado pelo zelo da amargura. Desde os tempos mais remotos, o homem se mostra egoísta, invejoso e amargurado. Na Bíblia encontramos várias passagens que comprovam isso, entre elas, temos: Judas Iscariotes que por ter se apegado  ao dinheiro, em sua fraqueza entrega Jesus por 30 moedas de prata (Mateus 26, 15; 27, 3) e depois cheio de arrependimento e amargura se suicida.  Temos também o irmão mais velho do filho pródigo indignando-se com o pai porque este acolhia alegremente o mais moço que voltava. “São Bento fala com especial cuidado do espírito de murmuração. Esse dizer ao ouvido do outro, quase sempre com ares de quem está zeloso pelo bem, é um veneno corrosivo e dissolvente. Gera uma atmosfera de desconfiança e suspeição que destrói a vida em comum, que só pode existir numa base de confiança recíproca.”, diz D. Lourenço de Almeida Prado num artigo sobre o zelo bom em 1980. Podemos citar  fatos da História da humanidade em que a suspeição levou à discórdia, ao ódio, à morte. Como , exemplo, temos o suicídio de Getúlio Vargas, o assassinato de Jonh Kennedy, afora os políticos sempre tramando uns contra os outros, ou que se unem na surdina para elaborar leis que beneficiam o aumento de impostos ou dos próprios salários, sacrificando o povo. Na escola, alunos que praticam o bullying, que humilham os colegas, que nunca se dispõem a ajudar o outro, que até preparam ciladas para prejudicar o próximo  são exemplos da discórdia no nosso meio.  O zelo da amargura está liderando este novo milênio. O homem não segue os Mandamentos de Deus, a maioria nem sabe que existem esses Mandamentos. Quem se preocupa com o próximo? Quem é o próximo? Por que me preocupar com o outro, se ele não se preocupa comigo? O mundo, hoje, sou eu. E essa amargura suscita o individualismo, o zelo do egoísmo. O homem tornou-se o seu próprio inimigo. O zelo é com ele mesmo.  Com o outro temos que ser prevenidos, não podemos confiar em ninguém. E vamos ficando cada vez mais longe do amor e respeito ao outro. Esse zelo  está nos isolando até mesmo do convívio familiar. Os pais modernos e que têm um bom poder aquisitivo passam muito tempo fora de casa e querem suprir a falta de atenção e carinho com presentes, dizendo “sim” a tudo que é pedido pelos filhos ( mesmo que sejam absurdos). Por outro lado, as crianças e adolescentes se isolam no “seu mundo”, sentem falta de alguém que pergunte “Como  foi o seu dia?” “Você está bem?”, ou ainda de uma “bronca”, porque no íntimo sabem que se são chamados a atenção é porque alguém se preocupa com eles   ̶  o zelo bom se faz presente. Alguns só conversam por meio da internet, possuem TV no quarto, comem no quarto também e só procuram os pais quando precisam de dinheiro ou de algum objeto que lhes faça falta.  Vivem revoltados com a vida, ou melhor, com o mundo.  Observa-se que a vida moderna, cheia de tecnologia em vez de libertar o homem, escraviza-o. Os bons programas, que poucas emissoras transmitem sobre a cultura, os valores, têm pouco IBOPE. No entanto, programas que apresentam “besteirol” com BBB e outros têm uma audiência enorme. Infelizmente, vemos o enaltecimento da falta de caráter, do sexo, da traição, da injustiça. Mas para estar neste mundo, devemos estar bem com Deus, livres desse amargor. Cada vez que nos sentirmos assim, devemos rezar a Deus para que nos livre desse sentimento.
Temer a Deus, respeitá-lo, amar o próximo, ter paciência com o outro, falar docemente com o irmão, amar a sua família, ter respeito a si mesmo. Isto é o ZELO BOM.

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