Leia.
O Copom pisa de novo no freio, ao associar a retomada pós-crise a um surto inflacionário.
Se formos identificar as informações presentes na frase acima, seremos obrigados a reconhecer que ela afirma duas coisas diferentes:
O Copom, no momento em que a revista Carta Capital foi publicada em 5/5/10, estava com medo da volta da inflação.
O Copom já teve medo da inflação outras vezes.
De onde vem a certeza de que a revista faz referências a momentos anteriores de inflação no país? A presença da expressão "de novo", no começo do texto, pois para uma coisa acontecer "de novo", é necessário que já tenha acontecido antes.
Essa interpretação que somos obrigados a fazer ocorre porque o autor do texto dessa manchete parte do pressuposto de que, como brasileiros, sabemos que o país já enfrentou surtos inflacionários antes de 5/5/10.
Pressuposto: circunstância ou fato considerado como antecedente necessário de outro.
Os principais marcadores linguísticos da pressuposição são os adjetivos ou palavras similares, verbos que indicam permanência ou mudança de estado, verbos que revelam um ponto de vista a respeito do que é expresso por seu complemento, certos advérbios, as orações adjetivas e certas conjunções.
Na frase:
O presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda não aprovou o controle da imprensa, da televisão e da cultura, o advérbio ainda marca a pressuposição.
Pressuposto:
O presidente Lula já devia ter aprovado o controle da imprensa, da televisão e da cultura ou O presidente vai aprovar mais tarde o controle da imprensa, da televisão e da cultura.
O pressuposto está no texto, ele é uma contribuição própria do enunciado, portanto, pode ser percebido nele.
Fátima Pimentel
